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Marca é sobre cultura, ancestralidade e essência

Sobre Cultura: Muito prazer, meu nome também é Kadiekê!

Tudo começa com um cheiro de mato, o sabor doce na boca (me contaram que poderia ser buriti com farinha, minha comida favorita), no meio de alguns risos e o barulho do rio.

Eu ainda sinto o ar gelado e a sensação dos meus pés descalços correndo pela aldeia, quase que sem roupa alguma, e com os cabelos sempre soltos. Eles me deram um nome: fruta amarela ou Kadiekê!

Poucas pessoas sabem, mas a minha primeira infância foi no Alto Xingu em Aldeias Xerente, Carajá e depois numa Krahô, na qual fui batizada, no estado de Tocantins, entre os rios Manoel Alves Grande e Manoel Alves Pequeno, que são afluentes da margem direita do Rio Tocantins, no meio do cerrado.

Essa lembrança tem 38 anos, mas uma parte de mim ainda a revive sempre que eu preciso me reencontrar. Tive o privilégio de ser amada pelos indígenas, vivenciar a sua cultura e ter um nome. Foi nesse cenário cinematográfico que vivi dos 9 meses aos 4 anos. Eles nos acolheram, eu, minha irmã e principalmente a minha mãe, que passou a ser vista como uma curandeira.

 

Eu pequena segurando um brinquedo e minha mãe com a minha irmã pequena nos braços.

 

Sobre ancestralidade

Sou filha de uma baiana arretada que decidiu sair de um casamento abusivo depois de sete anos. Ela casou para sair da pobreza. Minha avó, vendia folhas na Feira de São Joaquim e não tinha um dos braços, perdeu ainda na infância no Engenho de Cana de Açúcar da família. Minha mãe, preta retinta, entre as poucas opções, escolheu fugir para uma outra cidade, em outro estado. E a escolha foi Brasília, no Distrito Federal.

Por lá, em meados de 1979, dona Rosália (mainha), limpou as salas do então Senado Federal, até o dia em que lhe perguntaram o que mais ela sabia fazer além de manter seu pano de limpeza sempre tão branquinho.Ela conta que respondeu: tenho curso de parteira e sou atendente de enfermagem. 30 dias após essa pergunta, ela estava com uma portaria assinada para trabalhar na FUNAI (Fundação Nacional do Índio), e ela, corajosa, decidiu aceitar o desafio de ir morar em uma aldeia com uma filha pequena e outra no ventre, em meados de 1982.

Meu pai, Edno, e ela, se conheceram na Funai: amor à primeira vista – e ele faleceu quando eu tinha cinco anos. Apesar da pouca convivência, é como se, entre nós dois, existisse uma pequena herança simbólica ou código secreto. Ainda guardo um carimbo feito de letras títulos de chumbo, personalizado com meu nome. Ele trabalhou como tipógrafo em 1985 no Jornal do Comércio em Recife-PE. E quando decidi, aos 8 anos, ser jornalista, minha mãe me contou essa história. E por coincidência ou não, o que um jornalista faz se não contar histórias?

Dos cinco aos 12 anos ficamos na capital Pernambucana e de lá começamos a nossa segunda jornada. Nesse período, mainha foi desafiada a pensar no futuro que gostaria de dar para suas duas filhas.

Na época, ela assistia a novela Sonho Meu e um ano depois pediu transferência definitiva para a cidade de Curitiba, onde a novela era ambientada. Levei anos para entender que, na verdade, as mudanças sempre foram atos de coragem e proteção da minha mãe.

Chegamos em uma manhã fria de outono de 1994. Saímos de 32 graus para 10 graus. Passamos alguns perrengues com as baixas temperaturas, a chamar salsicha de “vina” e o tal “leite quente”. Mas sempre com um “oxe” no meio disso. Vou te confessar que até hoje essa mistura no dialeto acontece!

A minha bagagem cultural e expressões regionais sempre “afrontaram” os sulistas. Com certeza, o racismo já me atravessou algumas vezes. Principalmente, durante a faculdade de jornalismo – sim, o sonho virou realidade. A essa altura você já deve ter percebido que a mudança sempre foi sinônimo de “casa” na minha família.

Após a formatura, fui para Brasília. Com 23 anos pude rever alguns locais de que mainha tanto falava, como o prédio da FUNAI.

Retornamos após dois anos para Curitiba, construí durante 15 anos uma carreira na área de marketing e comunicação, sempre em cargos de liderança e em diversos nichos, do varejo à saúde, mas logo voltaria a arrumar as malas outra vez. Em 2012, minha mãe se aposentou e eu queria mudar de ares!

O destino foi Salvador, na Bahia. Quê cidade fascinante! Muita música, dança e religiosidade. Morávamos em um casarão no Pelourinho e da minha janela dava para ver a Casa Jorge Amado. Foi lá que conheci o meu marido, durante uma exposição artística, segundo ele, amor à primeira vista. No início de 2013, eu e meu noivo Fernando, voltamos para Curitiba e casamos.

 

 

Sobre essência

Por falar em viagem, após cinco anos do sim, decidimos que a jornada seria internacional! tiramos o passaporte. Isso virou uma meta e me mantive focada – será que puxei a determinação de alguém? 

Até que chegou o dia do embarque em 06 de fevereiro de 2019. Foram 15 dias, Roma e Paris, sem falar nem mesmo inglês – e foi com medo mesmo!. Sonho realizado e mais uma quebra de crenças: sim, posso empreender!

 

“Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar”. Carl Jung

 

A citação de Jung é um lembrete importante de que para se curar é preciso primeiro conhecer a si mesmo, e para conhecer a si mesmo, necessitamos de coragem e vontade de fazer jornadas internas.

O meu despertar como palestrante aconteceu quando ganhei um livro, e ele me trouxe muitos significados: “O Herói e o Fora da Lei”, escrito por Margaret Mark e Carol S. Pearson. Nele conheci os arquétipos e a sua influência no imaginário coletivo. Padrões de comportamento e personalidade. Entendi que o herói é um ser corajoso que enfrenta desafios e supera obstáculos para alcançar um objetivo nobre.

No início dessa história, eu te contei que já enxergava mainha como a minha heroína: uma mulher no meio do mato com suas duas filhas, convivendo com sucuris e onças. Uma alegoria. Acho que foi aí que eu entendi que existia uma heroína me criando. O quanto ela foi destemida ao enfrentar os traumas da violência doméstica e sair em busca de sua essência.  

Sou grata por esse legado. Coragem que me inspira e me ajuda a transformar o futuro de muitas mulheres com o meu trabalho!

 

Rosana Gabriela Andrade: brasiliense, mãe de pet. Jornalista, empresária, especialista em branding. 2019: pausa na carreira CLT, após 15 anos na área de marketing para seguir o meu propósito. Criei a R Gabriela, uma consultoria de Branding Digital focada na construção de Marcas. @rgabrieladigital